Dia 21 de março comemoramos o Dia Internacional da Floresta. Nosso blog não poderia deixar passar em branco, portanto, amigos aventureiros, vamos contar uma pequena história sobre a Floresta Amazônica, conhecida pela expressão “Pulmão do Mundo” e também apresentar algumas frases sobre floresta ditas por grandes personalidades. Ah! E tem até uma música, cantada pela Mara Maravilha que pode servir de material didático para uma apresentação para crianças.

Dia Internacional da Floresta – A Floresta Amazônica

A Floresta Amazônica é considerada a maior Floresta Tropical do Mundo e, e faz parte do bioma Amazônia, o maior dos seis Biomas Brasileiros. Ocupa cerca de 600 milhões de hectares, cobrindo nove países. A maior parte da floresta está situada na região norte do Brasil nos estados do Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Pará e Roraima; e em menores proporções nos países: Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa

Para ter uma ideia de sua importância, em 2008 ela foi considerada uma das “Sete maravilhas naturais do mundo ” pela pela fundação New7Wonders, com sede na Suíça. Já em 2009, ela foi classificada em primeiro lugar na categoria “Florestas, Parques Nacionais e Reservas Naturais”.

Frases sobre Floresta

Não quero flores no meu enterro, pois sei que vão arrancá-las da floresta. [Chico Mendes]

Se o verde realmente fosse esperança, as florestas não estariam acabando. [Projota]

Quando uma árvore cai no meio da floresta e ninguém a ver cair, não significa que ela não caiu. [Provérbio Chinês]

A Floresta Amazônica não pode, ela própria, entrar na Justiça contra os desmatadores. Nós é que temos de fazer isso. [Marina Silva]

No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade. [Chico Mendes]

Música Salve a Amazônia

A Música Salve a Amazônia fez parte do CD Mara Maravilha para os Pequeninos vol.4, lançado em 2011.

Copaíba: símbolo da Macboot

Você sabia que a COPAÍBA está presente no logotipo da Macboot? É isso aí! E isso não é mero acaso, afinal, a Missão da Macboot é: Inspirar momentos de felicidade na vida de nossos consumidores seja ao ar livre ou no trabalho, com responsabilidade e consciência socioambiental.

A Macboot é uma empresa que se tornou pioneira e referência em SUSTENTABILIDADE ao trazer o slogan “Respeite seu planeta” e desenvolver projetos como o Click e Plante, que resulto em mais de 1,5 milhão de árvores plantadas no Brasil.

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Mulheres que defendem o planeta – No dia 8 de março comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Hoje vamos contar algumas histórias de lutas das mulheres pela igualdade de direitos e uma vida digna.

O foco desse post, no entanto, é em mulheres que defendem o planeta, ou seja, homenagear muitas mulheres que estão engajadas em projetos, movimentos e ações em defesa do meio ambiente.

Mulheres que defendem o planeta

Selecionamos algumas mulheres (a lista é enorme – deixe a sua contribuição nos comentários) que fazem a diferença quando o assunto é meio ambiente. São mulheres que trabalham com projetos incríveis. Todas as mulheres por esse Brasil afora que portam a bandeira da sustentabilidade e do meio ambiente o nosso carinho e homenagem.

Marina Silva – Ex- Ministra do Meio Ambiente

De origem humilde, Marina Silva só se alfabetizou aos 16 anos. Começou sua trajetória de defesa do meio ambiente ainda no Acre, ao lado de Chico Mendes, lutando pela defesa do desenvolvimento sustentável quando poucos sabiam o que isso significava. Em sua carreira política, foi vereadora, deputada federal, senadora e ministra do Meio Ambiente entre 2003 e 2008, e colocou o tema ambiental em discussão nacional quando concorreu a presidência da República, em 2010. Marina também é reconhecida no exterior:  em 1996, foi premiada com o prestigiado prêmio ambiental da Goldman e, em 2007, foi escolhida como “Campeão da Terra” pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente , um prêmio de liderança excepcional em questões ambientais e em 2008, foi considerada pelo jornal britâncio The Guardian como uma das 50 pessoas que poderiam salvar o mundo. Em 27 de julho de 2012, Marina carregou a bandeira olímpica na abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, junto com Ban Ki-moon, o maestro argentino Daniel Barenboim e ganhadores do prêmio Nobel. A escolha de seu nome, segundo o Comitê Olímpico Internacional, ocorreu em razão de sua importância na defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável.

Maria Tereza Jorge Pádua – ONG Funatura

A engenheira agrônoma Maria Tereza Pádua é um dos nomes mais importantes quando se fala de meio ambiente no Brasil. Ela fundou a ONG Funatura, uma das primeiras ONGs ambientais do país, ainda no período de transição da ditadura para a democracia no Brasil. Atuou no IBDF, o instituto que cuidava da política ambiental antes da criação do Ministério do Meio Ambiente, e foi presidente do Ibama. Sob sua gestão, o Brasil criou um grande número de Unidades de Conservação. Atualmente, faz parte do Conselho da Fundação Boticário de Proteção à Natureza e da comissão mundial de Parques Nacionais da UICN. E, além de tudo isso, Maria Tereza ainda é uma flor: a orquídea Laelia purpurata Maria Tereza foi batizada em sua homenagem. É conhecida como a “mãe dos parques nacionais do Brasil” por seu esforço em implementar reservas e parques no país. Pádua é presidente da FUNATURA, uma organização global de conservação da natureza.

Monica Picavêa – sustentabilidade a favelas

A paranaense Monica Picavêa foi buscar melhorar o meio ambiente em um lugar que poucas pessoas se preocupam: não só no meio urbano, mas em um dos bairros mais pobres de São Paulo. Mônica implementou o projeto Transition Towns (ou Cidades em Transição), criado pelo inglês Rob Hopkins, na Brasilândia. O Transitions Towns está presente em mais de 30 países, mais em nenhum foi implementado em um bairro pobre. O objetivo do projeto é transformar ambientes urbanos em cidades sustentáveis. Os resultados são positivos: os terrenos baldios de antes agora abrigam hortas comunitárias, as nascentes de rios estão sendo revitalizadas, e as mulheres se organizam em cooperativas de costura e confeitaria para gerar renda.

Márcia Hirota – Fundação SOS Mata Atlântica

A Mata Atlântica é um dos biomas mais destruídos do Brasil, e hoje só resta pouco mais de 10% desse bioma. Mas se essa pequena parcela de floresta ainda existe, isso se deve ao trabalho da Fundação SOS Mata Atlântica, e sua coordenadora, Marcia Hirota. Marcia. O SOS Mata Atlântica é uma das mais respeitadas ONGs na área. Seu trabalho nos alerta para o perigo de se perder o pouco que resta desse bioma. Além disso, ela também coordena o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, em parceria com o Inpe. Um trabalho fundamental, que mostra o quanto o bioma já foi desmatado, mapeia as áreas de florestas remanescentes, e é base para qualquer política de preservação no bioma.

Dorothy Mae Stang – Irmã Dorothy

Irmã Dorothy estava presente na Amazônia desde a década de setenta junto aos trabalhadores rurais da Região do Xingu. Sua atividade pastoral e missionária buscava a geração de emprego e renda com projetos de reflorestamento em áreas degradadas, junto aos trabalhadores rurais da área da rodovia Transamazônica. Seu trabalho focava-se também na minimização dos conflitos fundiários na região. Atuou ativamente nos movimentos sociais no Pará. A sua participação em projetos de desenvolvimento sustentável ultrapassou as fronteiras da pequena Vila de Sucupira, no município de Anapu, no Estado do Pará, a 500 quilômetros de Belém do Pará, ganhando reconhecimento nacional e internacional. Irmã Dorothy foi brutalmente executada com seis tiros em 12 de fevereiro de 2005.

Antonia Melo da Silva – A favor da Amazônia

Faz 36 anos que Antonia Melo da Silva luta para preservar a Amazônia e frear a construção da gigantesca usina hidrelétrica de Belo Monte na bacia do rio Xingu, afluente do Amazonas. Ela foi premiada em Nova Iorque em 2017 por seu ativismo. “Amazônia viva, planeta vivo!”, gritou Antonia, emocionada, com o punho em riste ao receber o prêmio diante da elite de filantropos e funcionários de fundações e ONGs.

Magda Elisabeth Nygaard Renner – Separação do lixo em Porto Alegre

Magda Renner omeçou a se interessar pela preservação ambiental a partir do seu trabalho na ONG Ação Democrática Feminina Gaúcha (ADFG), na qual ingressou na década de 1960, entidade de assistência social que buscava ampliar a inserção das mulheres das periferias na sociedade e fortalecer seu senso de cidadania e dignidade. Em 1972, após assistir uma palestra do ecologista José Lutzenberger, fundador da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), Magda iniciou efetivamente sua militância no ambientalismo, muitas vezes engajando também a ADFG, que veio a presidir, e que promoveu o primeiro projeto de separação do lixo em Porto Alegre e passou a atuar em foros internacionais contra a pobreza e a favor da natureza. Conhecida como a primeira-dama da ecologia, Magda faleceu em 11 de outubro de 2016.

Artistas brasileiras famosas engajadas nas causas ambientais

Há artistas famosas, ainda bem, que usam sua imagem em prol do bem-estar do planeta. A essas mulheres ativistas da causa ecológicas o nosso respeito, admiração e homenagem.

Letícia Spiller – Comitê Rio Defesa das Florestas

A atriz Letícia Spiller está engajada no movimento do Comitê Rio em Defesa das Florestas que condena as propostas de alteração do Código Florestal Brasileiro. Ela também ajuda a conscientizar as populações ribeirinhas sobre o desmatamento e o plantio de mudas. A atriz está sempre engajada em movimentos e ações que possam ajudar o planeta.

Letícia Sabatella – Survival International

 

A atriz Letícia Sabatella é apoiadora do Survival International, uma organização não-governamental internacional que defende os povos indígenas ao redor do mundo. A atriz já gravou um documentário sobre a tribo Krahô, do Tocantins. Foi uma das personalidades mais atuantes na luta contra a transposição do Rio São Francisco. Sua atuação também se destaca no combate ao trabalho escravo.

Isabel Fillardis – Doe seu Lixo

Engajada em projetos ligados à sustentabilidade desde 2003, a atriz Isabel Fillardis é fundadora e presidente da ONG “Doe seu lixo“. Além de contribuir para a redução do lixo nos impactos ambientais, a instituição ajuda a gerar emprego através da coleta seletiva de lixo.

Christiane Torloni – Amazônia para Sempre

A atriz Christiane Torloni está à frente do projeto “Amazônia para sempre“. Ao lado do ator Victor Fasano, ela recolheu mais de um milhão de assinaturas pedindo que o então presidente Lula tomasse medidas contra o desmatamento da floresta Amazônica. O projeto tem como objetivo sensibilizar sobre a importância da preservação e a real situação da floresta e interromper a devastação do ecossistema.

Gisele Bündchen – Proteção da floresta

Seu envolvimento com as causas ecológicas começou em 2006 e entre as suas inúmeras ações em defesa do meio ambiente, Gisele tem um trabalho de proteção ao rio Xingu, as tribos ribeirinhas e a criação da floresta Gisele Bündchen Sementes, que fomenta a recuperação de mais de 15 hectares de Mata Atlântica em Campinas e na Bahia. Sem falar que também é embaixadora da Boa Vontade pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Camila Pitanga – Embaixadora Nacional da ONU Mulheres Brasil

A atriz Camila Pitanga é diretora geral da ONG Movimento Humanos Direitos,  onde tem dedicado atenção contra o trabalho escravo, abusos contra crianças e adolescentes e na promoção de direitos de jovens negros, quilombolas, povos indígenas e meio ambiente.

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Macboot para crianças – Você já conhece a linha Macboot kids? É uma coleção de sapatos no estilo aventura criada exclusivamente para o público infantil.

É isso mesmo! Agora seu pequeno aventureiro poderá ter nos pés a linha Macboot Kids, projetada com todo estilo e as melhores tecnologias dos principais boots da marca.

Cada característica dos modelos das botas estilo aventura para as crianças são produzidas para trazer conforto, estabilidade e segurança para as crianças.

Macboot para crianças – Detalhes da linha Mackboot Kids

A linha de calçados estilo aventura para as crianças são fáceis de calçar e combinam com todos os estilos para resistir as aventuras em terrenos acidentados ou no dia-a-dia.

Cada detalhe da linha Macboots kids é pensada, testada e aprovada para superar qualquer tipo de terrenos.

Os lançamentos da linha infantil da Macboot foram inspirados nas primeiras botas trekking nos anos 60.

Lembrando que a Macboot é a primeira marca brasileira a fabricar legítimos calçados para prática de esportes outdoor.

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Febre Amarela – o blog da Macboot traz uma informação muito importante para a população, principalmente para aquela que está em regiões que tem o foco do vírus da febre amarela: Os macacos são tão vítimas quanto os humanos e, portanto, não transmitem o vírus da febre Amarela.

Os macacos, na verdade, quando contraem o vírus , transmitido em ambientes silvestres por mosquitos do gênero Hemagogo, servem de alerta para o surgimento da doença no local. Assim, acabam contribuindo para que as autoridades sanitárias tomem logo medidas para proteger moradores ou pessoas de passagem na região.

Essas importantes informações foram dadas pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão do Ministério do Meio Ambiente.

Segundo o Ministério da Saúde (MS), a febre amarela não é contagiosa, ou seja, macacos não transmitem diretamente a doença, assim como ela não é transmitida diretamente de um humano a outro. Os mosquitos é que são os vetores de transmissão da doença.

As principais medidas de prevenção contra a Febre Amarela incluem a vacinação e o controle da proliferação dos mosquitos vetores. A orientação é que as pessoas que vivem em áreas de risco ou vão viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata dentro dessas áreas, devem se imunizar (tomar a vacina).

Macacos sendo mortos nas regiões com Febre Amarela

Há ocorrências de agressões e mortes de macacos por pessoas de localidades onde ocorre o surto de Febre Amarela. As informações dadas por esses importantes órgãos tem como objetivo preservar o a fauna e levar a informação correta às pessoas que acreditam que estão sendo contaminadas pelos animais.

O surto de febre amarela representa uma grave ameaça para os macacos que habitam a Mata Atlântica. Parte significativa dos primatas do bioma está ameaçada de extinção, entre eles, o bugio, o macaco-prego-de-crista e o muriqui do sul e do norte.

“Há o receio de que os macacos possam transmitir diretamente a doença aos humanos, mas esse receio é infundado. Isso não ocorre. Em vez de agredidos ou mortos, os macacos devem ser protegidos para que cumpram a sua função de sentinela, de alertar para possíveis ocorrências de surtos da febre amarela”, diz o chefe do CPB, Leandro Jerusalinsky.

Já o Ibama faz questão de destacar que, além de prejudicar as ações de prevenção da doença, agredir ou matar macacos é crime ambiental, previsto na Lei 9.605/98. O Ibama recebe denúncias de maus-tratos a animais silvestres pelo telefone 0800-618080 (de segunda a sexta, das 8h às 18h)

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Nosso amigo sapo

O sapo cururu é um aliado do ser humano na luta contra pragas urbanas como mosquitos, baratas, formigas, cupins, e até mesmo roedores.

Os sapos-cururu são alguns dos animais mais fáceis de se encontrar em fazendas, litoral e outras zonas onde ainda resta um pouco mais de verde preservado.

Ele é um anfíbio, mas o que isso quer dizer?

Vem do grego antigo, “amphíbios”, é separando a palavra, temos o significado “os dois tipos de vida”, fazendo uma referência à maioria dos animais assim classificados, pois nascem e se desenvolvem até parte da sua vida na água, e quando adultos passam a viver fora dela também.

Os anuros são o grupo de anfíbios sem causa, que corresponde aos sapos, pererecas e rãs. A grande diferença entres estes animais é que geralmente o sapo está mais ligado ao ambiente terrestre, as pererecas aos ambientes arbóreos, e as rãs, aos ambientes aquáticos de água doce.

O sapo cururu é um aliado do ser humano na luta contra pragas urbanas como mosquitos, baratas, formigas, cupins, e até mesmo roedores. Também se alimenta de outros animais que podem causar problemas como aranhas e escorpiões.

Portanto, os sapos devem ser respeitados e exaltados, afinal, são nossos guardiões da Natureza contra doenças transmitidas pelos bichos que foram citados. Antigamente era comum maltratar, chutar ou até mesmo jogar sal na pele do sapo (o que causa sua morte por ressecamento), hoje é tempo de abrir os olhos e enxergar o sapo muito além da criatura diferente, esquisita e saltitante; É hora de enxergar os sapos como nossos protetores.

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Ahonikenk Chaltén

* Para ler ouvindo Hugo Giménez Agúero.

Se você assistiu a tomada do helicóptero onde David Lama alcança o cume da montanha que dá nome ao filme – Cerro Torre – em um fim de tarde sobre o campo de gelo, então eu acredito que não preciso lhe explicar muita coisa. Mas, se ainda não viu essa cena, ainda assim acho que algumas fotos serão suficientes para convencer você do porquê El Chaltén se tornou um dos meus lugares preferidos no mundo.

Como viajante cujo trabalho passa por reportar os lugares que encontro e as situações em que me envolvo, expor certos destinos acaba por ser, de certa forma, um desfavor. Narrar locais que eu gostaria de manter em segredo passa a ser um drama pessoal, daqueles que, provavelmente, eu vou me sentir culpado por um bom tempo.

Gravada aos pés da Cordilheira dos Andes, décadas atrás a pequena e desorganizada vila de El Chaltén era apenas um destino de fazendeiros ermitões com cara de poucos amigos e montanhistas durões. Um reduto para quem buscava ascender à alguns dos picos mais inacessíveis e isolados da Terra, com faces verticais cobertas de gelo, vento inclemente e condições climáticas imprevisíveis.

Fundada em 1985 para pôr fim a disputa fronteiriça com o Chile na região do Lago del Desierto e reafirmar a soberania da Argentina, hoje é a cidade mais jovem do país. Um pequeno povoado, onde sabe-se lá se existe prefeito, e que durante o inverno mantém menos de mil pessoas residentes. Como de praxe na Patagônia, com a chegada do verão a população sazonal dá um salto enorme. Fanáticos por trekkings, alpinistas, mochileiros e pessoas atrás de trabalho dão vida e combustível ao lugar.

No entanto, Chaltén continua sendo um lugar extremamente rudimentar, com pessoas desconfiadas visto sua inocência, pousadas simples e que dão a impressão que você está na verdade em alguma região pouco acessível no Himalaia. Pressa é algo que não existe e lugares que aceitam cartões de crédito são considerados exceções. O gás chegou ali há menos de uma década, existe um único posto de gasolina que parece ser de brincadeira e os mercados estão sempre um tanto quanto “desfalcados” de produtos básicos. Talvez a presença de algumas ruas asfaltadas seja apenas o que destoe aos olhos do recém-chegado.

Na primeira vez em que estive no povoado, ao ver a silhueta denteada da cordilheira gradativamente ganhando corpo durante a chegada, eu prometi para mim mesmo que se em algum momento eu tivesse uma casa na Argentina, teria que ser ali. É claro, até aquele instante, eu não fazia ideia de que as casas e terrenos já eram negociados há muito tempo em valores exorbitantes e em dólares americanos.

Pra minha sorte, a alta temporada havia terminado. Os horários de ônibus já estavam reduzidos, algumas pousadas com as portas fechadas e o banco para estrangeiros aberto somente por poucas horas nas quartas-feiras. A vila se preparava para hibernar durante o inverno longe das hordas de viajantes e a sensação era como se eu tivesse voltado no tempo em que forasteiros eram tratados como astronautas.

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Naquela região basta abrir um mapa e as veias da Patagônia são escancaradas. Trilhas que levam à lagunas, condores, montanhas e geleiras. Verdadeiras catedrais da mãe natureza esperando pela visita de seus devotos. Em troca, apenas o pedido de que seus vestígios não sejam notados. Ainda que centenas já estivessem passado pelos mesmos caminhos, para mim, ver aquilo com os próprios olhos era como empunhar o facão de Hiram Bingham.

Desde que os Tehuelches se estabeleceram naquele vale, Chaltén sempre ocupou um lugar central nos princípios religiosos indígenas. Para muitos, ainda é um solo sagrado. Existem regras – não propriamente escritas, mas consensuais – para você permanecer ali. Fazer o máximo de silêncio, apreciar a paisagem, não caminhar fora da trilha e se comportar bem são requisitos básicos. Pequenos detalhes que ditam o tom ao lugar.

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Por vezes, sentado em um banco de madeira frente a um hostel abandonado ou à beira de alguma laguna, tornou-se fácil compreender o caráter contemplativo e a paixão daqueles que escolhem aquele pequeno vale como sua morada. Por um breve segundo, deixa-se fluir a paz que circula tanto pelas estradas como pelas pessoas. Carros aparecem como fantasmas, telefones sem sinal se convertem apenas em máquinas fotográficas e a vida parece ganhar outro ritmo. Graças a beleza cativante e ao espírito de “velho oeste”, acaba sendo um lugar extremamente fácil de romantizar.

Mas, é justamente essa é sua maldição. Todos querem o seu “pedaço” de El Chaltén. E pessoas interessadas em aumentar sua conta bancária costumam não deixar passar uma oportunidade como essa.

Com a melhoria no acesso alavancada por melhores estradas, o aeroporto de El Calafate como porta de entrada e blogueiros como eu – sim, nós somos definitivamente culpados -, a cada temporada mais turistas vêm aportando na região. Todos atrás de tudo o que o local tem a oferecer e do que tanto fazemos coro. Ao mostrar para o mundo tudo o que há de melhor em determinado lugar, acabamos por jogar aos leões aquilo que gostaríamos que fosse mantido para sempre do jeito que encontramos.

Um número maior de pessoas se converte em novos hotéis, maior fluxo de carros, depredação das trilhas por gente que não está “nem aí” e cada vez mais fachadas cobertas com letreiros em inglês. É o chamado progresso, onde lucram alguns, outros são perturbados, faz a região crescer, mas acaba por matar o que fazia dela um lugar especial. O turismo é um predador implacável, que agarra sua nova presa e não a solta até que a última gota de lucro seja sugada.

Para mim, no papel de alguém que escreve e tem o dever de enaltecer determinado local e entusiasmar o leitor, esse passa a ser um sentimento contraditório. Ao passo que a excitação faz você querer dividir sua experiência para que todos possam provar e sentir o que te marcou, ao mesmo tempo, você quer esconder esse local da grande maioria. Ainda que como um forasteiro, toma-se um sentimento de posse sobre a paisagem e você não quer, de forma alguma, que hordas de turistas avancem sobre aquela trilha. Injustamente, baseado em sua própria percepção e critérios, você passa a julgar quem é merecedor sobre aquele lugar.

É um instinto voraz e egoísta, mas inevitável.

Em breve, assim como já ocorre em tantos outros lugares, essa região da Patagônia será tomada por um monopólio de agências de turismo. O lado primitivo, como o conhecemos hoje, vai aos poucos abrir suas portas e dar lugar a algo mais próximo dos padrões 5 estrelas e menos selvagem. Essas mudanças já estão acontecendo e em um ritmo que ninguém pode conter ou controlar.

Portanto, apresse-se! El Chalten é um daqueles lugares onde, não importa o quanto eu carregue de bons adjetivos, você só irá entender de verdade quando estiver por lá. E quem sabe, daqui alguns bons anos, junto comigo você irá olhar para trás com nostalgia para o lugar que mereceu seu amor, mas que só estará vivo, da forma como você o conheceu, em suas lembranças e fotografias.

El Chaltén, 2017.

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