Mística Ilha de Chilóe
Bruxos, gnomos e feiticeiros habitam o imaginário de Chilóe, a segunda maior ilha da América do Sul (menor apenas que a Ilha de Terra do Fogo). Nesse longo trecho de terra ao Sul do Chile, acredita-se que criaturas mitológicas regem mares tempestuosos, cidades sempre cobertas por névoa e até o caráter de um povo historicamente lutador, cujo passado foi de muita resistência à capital Santiago.
Bruxos, gnomos e feiticeiros habitam o imaginário de Chilóe, a segunda maior ilha da América do Sul (menor apenas que a Ilha de Terra do Fogo). Nesse longo trecho de terra ao Sul do Chile, acredita-se que criaturas mitológicas regem mares tempestuosos, cidades sempre cobertas por névoa e até o caráter de um povo historicamente lutador, cujo passado foi de muita resistência à capital Santiago.
Mas o que talvez essas crenças e mitos sobrenaturais tentam explicar são as forças da natureza, que nunca estão de brincadeira com Chilóe. O arquipélago vive sob a ameaça constante de vulcões, terremotos, tsunamis e nevascas, que já arrasaram quase tudo por aqui dezenas de vezes. Ainda bem que foi “quase tudo”, pois o que sobreviveu à fúria da natureza e ao passar do tempo é de encher os olhos. Chilóe é dona de nada menos que 16 igrejas tombadas como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.
São singulares templos de madeira, datados do século XVIII e que foram erguidos por missionários jesuítas. Na construção, foram usadas madeiras nativas (alerces, arrayanes, ciprestes…) e técnicas arquitetônicas que mesclam saberes ancestrais de pescadores, canoeiros e índios mapuche-huilliche com a cultura dos colonos espanhóis que chegaram à ilha em meados de 1500.
Ao todo, são mais de 70 capelas espalhadas pelo arquipélago, mas 16 delas preservam toda a originalidade dos tempos da construção e foram agraciadas com o título da Unesco. Nós, os repórteres Glória Tupinambás e Renato Weil percorremos grande parte desses templos a bordo do nosso motorhome A Casa Nômade e seria impossível eleger os mais bonitos. Os que mais nos impressionaram foram a Iglesia Nuestra Señora de Gracia de Nercón, cercada por jardins e um cemitério tradicional; o interior da Iglesia San Francisco de Castro, onde figuras mitológicas aparecem fundidas a imagens sacras, num impressionante sincretismo; a Iglesia San Antonio de Colo, com um lindo portal de entrada por entre os arcos; e a Iglesia Nuestra Señora del Patrocínio de Tenaun, com sua fachada azul celeste.
Ao lado de igrejas centenárias, Chilóe seduz com cidades inteiras erguidas sobre palafitas. Em Castro, a cidade central da ilha, basta um passeio de barco com duração de quarenta minutos para que se contemple, do mar, todo o colorido das casas construídas em cima de um emaranhado de madeiras.
A Isla de Las Almas Navegantes, ligada à Chilóe por uma passarela de 510 metros de comprimento, é outro ponto imperdível do passeio. Com um colorido cemitério, uma igreja histórica e um parque botânico, a pequena ilha pode ser inteiramente percorrida em uma curta caminhada, integrada a um passeio à fria Cascata de Tenaun.
Da curiosa mistura de saberes e costumes que formam a Ilha de Chilóe nasceram mais que igrejas e uma rica cultura. A mescla dos hábitos de pescadores, índios mapuche-huilliche e colonos espanhóis também colocou na panela, ou melhor, em buraco cavado no chão, mariscos, linguiças, batatas e pedaços de carnes de porco e de frango para dar origem ao Curanto al Hoyo.
O processo começa com o corte da lenha nos bosques de Chiloé. Em seguida, essa lenha é acomodada e acesa dentro de um grande buraco, cheio de pedras catadas à beira do Oceano Pacífico. Passadas duas horas, a lenha é retirada e, sobre as pedras quentes, é colocada uma imensa folha de pangue que funciona como uma panela natural. Ali dentro da folha, são jogadas (literalmente arremessadas!) uma grande quantidade de mariscos, uma camada de carnes e outra de linguiça – tudo cru e sem tempero algum. Por fim, são colocadas mais folhas de pangue entrelaçadas a batatas e pães. E, para fechar a “panela”, coloca-se terra por cima de tudo e…
É preciso esperar pelo menos três horas para saborear o curanto. E é nesse intervalo que a rica história de Chilóe vem à tona outra vez! Chefs como o talentoso Luis Melipichun, parecem ter a habilidade de fazer o tempo voar enquanto contam, com uma precisão de detalhes impressionante, a origem de cada ingrediente usado ali, as tradições de seus ancestrais e curiosidades a respeito da ilha. Depois dessa aula, é hora de abrir o curanto e saborear a abundância desse prato, que chega com tudo junto e misturado à mesa, com uma riqueza de sabores tão grande quanto o seu valor cultural.
Dicas para economizar água
– O Dia Mundial da Água não é só para pensar, mas principalmente para agir: vamos usar este recurso natural com sabedoria para que ele nunca acabe.
Hoje, 22 de Março é o dia Mundial da Água, data definida pela ONU para realizar diversas ações pelo mundo para conscientizar a população da importância de economizar água.
– O Dia Mundial da Água não é só para pensar, mas principalmente para agir: vamos usar este recurso natural com sabedoria para que ele nunca acabe.
Separamos algumas dicas de como economizar água para que, juntos, possamos aplicar em nosso dia a dia:
1- Tome banhos mais rápidos. Cada minuto a menos no chuveiro pode evitar o desperdício de 23 litros de água, dependendo do chuveiro.
2- Se você tem uma torneira pingando, conserte‑a logo – o desperdício de água pode chegar a 2.000 litros por mês. Não tente apertar mais a torneira, pois isto desgastará a arruela e agravará o vazamento.
3- Sempre que abrir uma torneira e esperar a água ficar quente, guarde a água fria numa jarra ou balde e use‑a para regar as plantas, encher o bule ou qualquer outra finalidade. Você pode economizar água (cerca de 4 litros!) a cada vez que fizer isso.
4- Feche a torneira quando estiver escovando os dentes ou se barbeando. Uma torne aberta pode desperdiçar até 15 litros por minuto.
5- Se tiver a opção, use a meia-descarga no banheiro, sempre que for apropriado. Você pode economizar água (cerca de 8 litros!) por descarga.
6- Só use a máquina de lavar na capacidade total. A redução do número de lavagens pode economizar grande quantidade de água – modelos com abertura superior chegam a usar 240 litros por lavagem.
7- Não use a lava-louças com poucas peças. Cada ciclo de lavagem evitado representa uma economia de até 50 litros.
8- Ao lavar a louça manualmente, enxágue os pratos na pia cheia de água em vez de sob a torneira. Você pode economizar até 15 litros por minuto.
9- Lave frutas e verduras em uma bacia com água ou na pia cheia até a metade em vez de sob a torneira. Isso pode reduzir o consumo de água em mais de 30 litros a cada vez.
10- Ao lavar o carro, use balde e esponja no lugar da mangueira. Se utilizar apenas seis baldes, a economia chegará a 150 litros por lavagem.
Vencedores da promoção: Macboot te leva para Morretes
Confira o resultado oficial da promoção: Macboot te leva para Morretes
Confira o resultado oficial da promoção: Macboot te leva para Morretes.
Os vencedores serão contactados por email ou telefone a partir da próxima segunda (20).
A promoção foi um grande sucesso, parabéns para todos os que participaram.
Operação Praia Limpa
A Macboot carrega em todas as suas ações o conceito de sustentabilidade e está sempre aberta a parcerias que proporcionem benefícios para natureza.
A Macboot apoiou a Operação Praia Limpa, realizada nos meses de janeiro e fevereiro, em Ilha Bela, no litoral de São Paulo. Todos as pessoas que participaram dos mutirões de limpeza estavam com o nosso calçado e também promovemos a distribuição de mais de 1000 mudas nativas que foram entregues em blitz e ações de conscientização ambiental com os moradores locais. A Macboot carrega em todas as suas ações o conceito de sustentabilidade e está sempre aberta a parcerias que proporcionem benefícios para natureza.
Carretera Austral – A estrada mais espetacular das Américas
Reza a lenda que o melhor da viagem é esperar por ela, fazer planos, estudar roteiros…
Reza a lenda que o melhor da viagem é esperar por ela, fazer planos, estudar roteiros… Mas com esses bons anos de estrada, nós, os repórteres Renato Weil e Glória Tupinambás, ousaremos contradizer o dito popular: o melhor da viagem é quando ela supera as nossas expectativas!
Estamos exatamente diante desse encanto depois de percorrer a Carretera Austral. Já esperávamos por uma estrada incrível em meio à Patagônia, com geleiras, cachoeiras, vilarejos charmosos, bosques e águas termais. Mas em seus 1.240 quilômetros, a rota que une as regiões mais díspares do Chile vai muito além disso!
A aventura inclui longuíssimos trechos sem asfalto, com muitos buracos e pedras afiadas pelo caminho, raros postos de combustíveis, cidades que são pouco mais que uma encruzilhada, curvas cegas, penhascos sem barras de proteção, pontes estreitas e uma sensação de isolamento do resto do mundo. Mas não pensem que essa lista de desafios são problemas não! Muito pelo contrário! Esses obstáculos são o grande charme da Carretera Austral, pois são eles que nos obrigam a tirar o pé do acelerador e apreciar cada centímetro dessa estrada com toda a calma e a prudência que ela merece.
Nesse território de aventureiros e viajantes, cruzamos com destemidos caminhantes, ciclistas com crianças, motoqueiros, jipeiros e uma trupe de motorhomes de todos os cantos do planeta. Tivemos dois pneus furados, os galões de combustível extra para emergência nunca foram tão úteis e o planejamento para não ficar sem comida no meio do nada teve que ser seguido à risca. Tudo pequenos detalhes perto da grandeza da Carretera Austral, que foi concluída em 1996 para ligar dois pontos remotos da Patagônia Chilena: Vila O’Higgins e Puerto Montt.
Começamos nossa expedição ao Sul e logo nos quilômetros iniciais veio a mítica vila de Caleta Tortel, a primeira atração da estrada. Construída sobre palafitas, o lugar guarda enigmas, mistérios e lendas na Isla de los Muertos (Ilha dos Mortos), com cruzes de madeira já quase cobertas pela vegetação indicando um trágico passado.
Vamos à história! Em 1905, 200 trabalhadores da empresa Sociedad Explotadora del Baker desembarcaram na ilha com a missão de abrir estradas para ligar os oceanos Atlântico e Pacífico. Esses homens se instalaram em cabanas em um lugar cercado por geleiras e montanhas hostis, enquanto esperavam a chegada de um outro barco com provisões de comida e artigos de primeira necessidade. Mas os meses passaram rápidos e essa tão esperada embarcação nunca chegou. Depois de um bom tempo consumindo carne salgada e farinha infestada de gorgulhos, os homens começaram a sofrer hemorragias (provavelmente decorrente do escorbuto) e a morrer. Acredita-se que pelo menos 120 trabalhadores perderam a vida. Os poucos sobreviventes foram resgatados por um barco, em setembro de 1905.
Mas essa é apenas uma das versões para essa tragédia. Outra história ainda mais incrível diz que esses homens podem ter sido vítimas de envenenamento. Há relatos de que a empresa que os contratou para o trabalho teria enfrentado dificuldades financeiras e, para não pagar os salários, teria matado seus empregados. Escavações e pesquisas arqueológicas já foram feitas no local e nunca se chegou a uma conclusão exata sobre a causa das mortes. A única certeza que se tem é que dezenas de homens foram enterrados na ilha em caixas de ciprestes, com apenas uma cruz sobre seus corpos. Hoje, apenas 33 cruzes resistem de pé, testemunhas de uma história enigmática e trágica, seja qual for a verdade por trás dela.
Depois dessa aula de história, é hora de se preparar para uma boa dose de adrenalina. Vista roupa e botas de neoprene, agasalho impermeável, colete salva-vidas e capacete. Esqueça que, mesmo no verão, a temperatura da água nunca supera os 8 graus. Segure firme o remo e… UHUUUUUUUUUUUUUUUUUU! Prepare-se para uma das experiências mais emocionantes da sua vida: descer as corredeiras dos incríveis rios Baker e Futaleufú, em um rafting às margens da Carretera Austral.
E a Carretera Austral não é mesmo para os fracos. Na cidade de Puerto Tranquilo, ela te desafia com uma caminhada no gelo. É isso mesmo! Colocar grampões na bota, vestir todo o aparato de roupas de frio que estiver ao seu alcance, se equipar com luvas e capacetes e fazer um trekking com três horas de duração no Glaciar Exploradores, uma das maiores belezas da da Patagônia. Andar sobre o gelo, subir e descer as encostas íngremes e entrar nas cavernas e túneis congelados é uma experiência única! Seria mentira dizer que não dá aquele friozinho na barriga ao pensar que sob seus pés pode haver um bolsão de ar pronto a se romper a qualquer momento… Ou entrar numa caverna de gelo com milhões de gotinhas e pedrinhas se desprendendo do teto… Ainda mais quando se ouve um grande bloco de neve se desprender das paredes do glaciar e atingir as águas, num estrondo que parece uma batida de carro. Mas esse estranho medo é o tempero para tornar o passeio ainda mais incrível e inesquecível.
Pensam que chega de aventura? Não! Ainda falta navegar por um cardume de icebergs para chegar ao Glaciar San Rafael, a gigante geleira do Campo de Gelo Norte, na Patagônia Chilena. O barulho estridente do casco do barco se chocando contra os blocos de gelo dá um arrepio, mas a paisagem incrível faz com que qualquer um esqueça o medo e se renda ao deslumbramento!
Os paredões de 60 metros de altura e cinco quilômetros de largura parecem ainda maiores vistos de dentro do barco, do meio da Laguna San Rafael. O azul da geleira impressiona. E o êxtase vem logo em seguida: blocos imensos de gelo se desprendem de tempos em tempos e, ao atingirem as águas do lago, provocam um estrondo! Quase um alerta da natureza, um sinal de que tudo aquilo que parece morto e congelado diante dos nossos olhos está, na verdade, em constante transformação.
Na Villa Cerro Castillo, sejam bem-vindos à Patagônia Rural. Prepare arreio, laço, bota e espora para conhecer um outro lado da cultura do Chile, ainda ligado ao campo, às raízes gaúchas e às tradições patagônicas. Cavalgadas, festas típicas com sanfona e viola rancheira e muito cordeiro assado em parrillas são atrações imperdíveis.
Quando você pensa que não há mais belezas, vem aí uma caminhada puxada até o Ventisquero Colgante, uma geleira pendente de onde brotam duas impressionantes quedas d’água. O paredão de gelo, em tons de branco e azul, parece que vai desabar a qualquer minuto. E não é só impressão não. A água que derrete do glaciar vai se represando em diques naturais lá nas alturas e, de tantos em tantos minutos, uma dessas barreiras se rompe e eis que desce, de repente, um volume enorme de água, com pedaços de gelo. Tudo acompanhado de um grande estrondo, provocado pelo choque com as rochas e o lago que estão dezenas de metros abaixo. É incrível!
Mas nem só de adrenalina e aventura é feita a Carretera Austral. Em Puyuhuapi, a Patagônia presenteia os viajantes com águas termais, que brotam do solo a 85 graus centígrados e são armazenadas em charmosas piscinas com borda de madeira, às margens do Oceano Pacífico, num convite ao descanso e ao relaxamento.
A primeira piscina, com temperatura de 30 graus, é apenas para quebrar o gelo do vento que insiste em soprar à beira-mar, mesmo em pleno verão. Depois desse banho de estreia, é hora de passar para as piscinas mais quentes, com temperaturas que variam dos 35 aos 40 graus e passar o dia inteiro ali, de pernas para o ar, recarregando as baterias para as próximas andanças.
E para nos despedirmos da incrível da Carretera Austral, desembarcamos as bicicletas do nosso motorhome A Casa Nômade e curtimos vários quilômetros bem devagarzinho, pedalando por lindas paisagens às margens do Lago Rosselot, onde solitários e charmosos pescadores parecem ter saído de um filme para lançar suas iscas nas águas calmas do lago para fisgar uma truta ou um salmão.
Diante de tanta beleza, o nosso conselho para aqueles que têm um pouquinho de sangue de nômade correndo pelas veias é: vá desbravar a Carretera Austral! Vá agora! Vá a pé, de bicicleta, moto, carro… Simplesmente vá! Antes que o asfalto chegue por lá e roube o encanto dessa estrada que, sem dúvida, é a mais espetacular das Américas.